domingo, 20 de setembro de 2009


Pedro Abelardo!

Filósofo e teólogo escolástico, Pierre Abélard ou Abailard, em latim Petrus Abelardus, nasceu em Le Pallet, perto de Nantes, França, por volta do ano 1079, e morreu no priorado de Saint-Marcel, perto de Châlons-sur-Saône, a 21 de abril de 1142. Apaixonado desde cedo pela filosofia, estudou lógica, entre 1094 e 1106, em Loches e Paris, entrando logo em conflito com o tradicionalismo de seus mestres. Foi professor em Melun, Corbeil e Paris, ensinando dialética, o que lhe valeu intermináveis perseguições. Popular com os alunos, era odiado pelos demais mestres. Enquanto professor em Notre Dame, conheceu a bela e culta Heloísa, sobrinha do cônego Fulbert. Convidado por Fulbert, torna-se preceptor de Heloísa. Eles se apaixonam e mantêm uma relação secreta durante os anos de 1117-1119. O escândalo ocorre quando descobrem que terão um filho. Abelardo seqüestra Heloísa, enquanto Fulbert exige o casamento, que acaba acontecendo, mas em segredo, sem que Fulbert saiba. Sentindo-se enganado, o cônego suborna um criado e outros de seus empregados, a fim de realizar sua vingança. Em certa noite, todos invadem a casa de Abelardo, castram o jovem e fogem. Humilhado, Abelardo se retira, então, para a Abadia de Saint Denis, enquanto Heloísa se torna freira no Mosteiro de Argenteuil. Mais tarde, os agressores foram presos e castigados com a mesma mutilação e com a perda dos olhos, enquanto o cônego Fulbert teve seus bens confiscados e foi desterrado de Paris. Sem abandonar a filosofia, Abelardo passa a dedicar-se aos estudos teológicos. Escreve o "Tratado sobre a unidade e a trindade divina" ou "Teologia do bem supremo", obra que foi condenada pelo Concílio de Soissons (1121). Obrigado a abandonar a abadia por contestar a identificação tradicional de Saint Denis com Dionísio, o Areopagita (um suposto mártir do século 1 d. C.), fundou com seus discípulos o Mosteiro do Paracleto, que mais tarde doou a Heloísa e suas freiras.Como abade de Saint-Gildas-de-Ruys, combateu a corrupção e quase foi assassinado pelos monges corruptos. Voltando a ensinar na escola de Sainte Geneviéve, recomeçaram os ataques às suas doutrinas teológicas e viu-se condenado pelo papa e pelo Concílio de Sens. Pretendia apelar para Roma, mas morreu antes de se realizar esse desejo.

Escolástica!

"Os caminhos de inspiração aristotélica levam até Deus".

No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a Ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia.
Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium ) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium ). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia.
A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (de escola).
A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles, descobertas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego.
A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico pode ser dividido em três fases:

*Primeira fase - (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão.

*Segunda fase - (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.

*Terceira fase - (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão.
A Questão dos Universais:
O que há entre as palavras e as coisas.
O método escolástico de investigação, segundo o historiador francês Jacques Le Goff, privilegiava o estudo da linguagem (o trivium ) para depois passar para o exame das coisas (o quadrivium ). Desse modo surgiu a seguinte pergunta: qual a relação entre as palavras e as coisas?
Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra rosa continua existindo. Nesse caso, a palavra fala de uma coisa inexistente, de uma idéia geral. Mas como isso acontece? O grande inspirador da questão foi o inspirador neoplatônico Porfírio, em sua obra Isagoge : "Não tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência, nem, no caso de subsistirem, se são corpóreos ou incorpóreos, nem se existem separados dos objetos sensíveis ou nestes objetos, formando parte dos mesmos".
Esse problema filosófico gerou muitas disputas. Era a grande discussão sobre a existência ou não das idéias gerais , isto é, os chamados universais de Aristóteles.


Tomás de Aquino!

Nasceu Tomás em 1225, no castelo de Roccasecca, na Campânia, da família feudal dos condes de Aquino. Era unido pelos laços de sangue à família imperial e às famílias reais de França, Sicília e Aragão. Recebeu a primeira educação no grande mosteiro de Montecassino, passando a mocidade em Nápoles como aluno daquela universidade. Depois de ter estudado as artes liberais, entrou na ordem dominicana, renunciando a tudo, salvo à ciência. Tal acontecimento determinou uma forte reação por parte de sua família; entretanto, Tomás triunfou da oposição e se dedicou ao estudo assíduo da teologia, tendo como mestre Alberto Magno, primeiro na universidade de Paris (1245-1248) e depois em Colônia.
Também Alberto , filho da nobre família de duques de Bollstädt (1207-1280), abandonou o mundo e entrou na ordem dominicana. Ensinou em Colônia, Friburgo, Estrasburgo, lecionou teologia na universidade de Paris, onde teve entre os seus discípulos também Tomás de Aquino, que o acompanhou a Colônia, aonde Alberto foi chamado para lecionar no estudo geral de sua ordem. A atividade científica de Alberto Magno é vastíssima: trinta e oito volumes tratando dos assuntos mais variados - ciências naturais, filosofia, teologia, exegese, ascética.
Em 1252 Tomás voltou para a universidade de Paris, onde ensinou até 1269, quando regressou à Itália, chamado à corte papal. Em 1269 foi de novo à universidade de Paris, onde lutou contra o averroísmo de Siger de Brabante; em 1272, voltou a Nápoles, onde lecionou teologia. Dois anos depois, em 1274, viajando para tomar parte no Concílio de Lião, por ordem de Gregório X, faleceu no mosteiro de Fossanova, entre Nápoles e Roma. Tinha apenas quarenta e nove anos de idade.

As obras do Aquinate podem-se dividir em quatro grupos:
1. Comentários:
à lógica, à física, à metafísica, à ética de Aristóteles; à Sagrada Escritura; a Dionísio pseudo-areopagita; aos quatro livros das sentenças de Pedro Lombardo.
2. Sumas: Suma Contra os Gentios , baseada substancialmente em demonstrações racionais; Suma Teológica , começada em 1265, ficando inacabada devido à morte prematura do autor.
3. Questões: Questões Disputadas (Da verdade , Da alma , Do mal , etc.); Questões várias .
4. Opúsculos: Da Unidade do Intelecto Contra os Averroístas ; Da Eternidade do Mundo , etc.

O Pensamento: A Gnosiologia
Diversamente do agostinianismo, e em harmonia com o pensamento aristotélico, Tomás considera a filosofia como uma disciplina essencialmente teorética, para resolver o problema do mundo. Considera também a filosofia como absolutamente distinta da teologia, - não oposta - visto ser o conteúdo da teologia arcano e revelado, o da filosofia evidente e racional.
A gnosiologia tomista - diversamente da agostiniana e em harmonia com a aristotélica - é empírica e racional, sem inatismos e iluminações divinas. O conhecimento humano tem dois momentos, sensível e intelectual, e o segundo pressupõe o primeiro. O conhecimento sensível do objeto, que está fora de nós, realiza-se mediante a assim chamada espécie sensível . Esta é a impressão, a imagem, a forma do objeto material na alma, isto é, o objeto sem a matéria: como a impressão do sinete na cera, sem a materialidade do sinete; a cor do ouro percebido pelo olho, sem a materialidade do ouro.
O conhecimento intelectual depende do conhecimento sensível, mas transcende-o. O intelecto vê em a natureza das coisas - intus legit - mais profundamente do que os sentidos, sobre os quais exerce a sua atividade. Na espécie sensível - que representa o objeto material na sua individualidade, temporalidade, espacialidade, etc., mas sem a matéria - o inteligível, o universal, a essência das coisas é contida apenas implicitamente, potencialmente. Para que tal inteligível se torne explícito, atual, é preciso extraí-lo, abstraí-lo, isto é, desindividualizá-lo das condições materiais. Tem-se, deste modo, a espécie inteligível , representando precisamente o elemento essencial, a forma universal das coisas.
Pelo fato de que o inteligível é contido apenas potencialmente no sensível, é mister um intelecto agente que abstraia, desmaterialize, desindividualize o inteligível do fantasma ou representação sensível. Este intelecto agente é como que uma luz espiritual da alma, mediante a qual ilumina ela o mundo sensível para conhecê-lo; no entanto, é absolutamente desprovido de conteúdo ideal, sem conceitos diferentemente de quanto pretendia o inatismo agostiniano. E, ademais, é uma faculdade da alma individual, e não noa advém de fora, como pretendiam ainda i iluminismo agostiniano e o panteísmo averroísta. O intelecto que propriamente entende o inteligível, a essência, a idéia, feita explícita, desindividualizada pelo intelecto agente, é o intelecto passivo , a que pertencem as operações racionais humanas: conceber, julgar, raciocinar, elaborar as ciências até à filosofia.
Como no conhecimento sensível, a coisa sentida e o sujeito que sente, formam uma unidade mediante a espécie sensível, do mesmo modo e ainda mais perfeitamente, acontece no conhecimento intelectual, mediante a espécie inteligível, entre o objeto conhecido e o sujeito que conhece. Compreendendo as coisas, o espírito se torna todas as coisas, possui em si, tem em si mesmo imanentes todas as coisas, compreendendo-lhes as essências, as formas.
É preciso claramente salientar que, na filosofia de Tomás de Aquino, a espécie inteligível não é a coisa entendida, quer dizer, a representação da coisa (id quod intelligitur) , pois, neste caso, conheceríamos não as coisas, mas os conhecimentos das coisas, acabando, destarte, no fenomenismo. Mas, a espécie inteligível é o meio pelo qual a mente entende as coisas extramentais (é, logo, id quo intelligitur ). E isto corresponde perfeitamente aos dados do conhecimento, que nos garante conhecermos coisas e não idéias; mas as coisas podem ser conhecidas apenas através das espécies e das imagens, e não podem entrar fisicamente no nosso cérebro.
O conceito tomista de verdade é perfeitamente harmonizado com esta concepção realista do mundo, e é justificado experimentalmente e racionalmente. A verdade lógica não está nas coisas e nem sequer no mero intelecto, mas na adequação entre a coisa e o intelecto: veritas est adaequatio speculativa mentis et rei . E tal adequação é possível pela semelhança entre o intelecto e as coisas, que contêm um elemento inteligível, a essência, a forma, a idéia. O sinal pelo qual a verdade se manifesta à nossa mente, é a evidência; e, visto que muitos conhecimentos nossos não são evidentes, intuitivos, tornam-se verdadeiros quando levados à evidência mediante a demonstração.
Todos os conhecimentos sensíveis são evidentes, intuitivos, e, por conseqüência, todos os conhecimentos sensíveis são, por si, verdadeiros. Os chamados erros dos sentidos nada mais são que falsas interpretações dos dados sensíveis, devidas ao intelecto. Pelo contrário, no campo intelectual, poucos são os nossos conhecimentos evidentes. São certamente evidentes os princípios primeiros (identidade, contradição, etc.). Os conhecimentos não evidentes são reconduzidos à evidência mediante a demonstração, como já dissemos. É neste processo demonstrativo que se pode insinuar o erro, consistindo em uma falsa passagem na demonstração, e levando, destarte, à discrepância entre o intelecto e as coisas.
A demonstração é um processo dedutivo, isto é, uma passagem necessária do universal para o particular. No entanto, os universais, os conceitos, as idéias, não são inatas na mente humana, como pretendia o agostinianismo, e nem sequer são inatas suas relações lógicas, mas se tiram fundamentalmente da experiência, mediante a indução, que colhe a essência das coisas. A ciência tem como objeto esta essência das coisas, universal e necessária.


A Vida e as Obras:
Após uma longa preparação e um desenvolvimento promissor, a escolástica chega ao seu ápice com Tomás de Aquino. Adquire plena consciência dos poderes da razão, e proporciona finalmente ao pensamento cristão uma filosofia. Assim, converge para Tomás de Aquino não apenas o pensamento escolástico, mas também o pensamento patrístico, que culminou com Agostinho, rico de elementos helenistas e neoplatônicos, além do patrimônio de revelação judaico-cristã, bem mais importante.
Para Tomás de Aquino, porém, converge diretamente o pensamento helênico, na sistematização imponente de Aristóteles. O pensamento de Aristóteles, pois, chega a Tomás de Aquino enriquecido com os comentários pormenorizados, especialmente árabes.


A Patrística!

"A fé em busca de argumentos racionais a partir de uma matriz platônica"
Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual.
Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística por terem sido escritos principalmente pelos grandes Padres da Igreja.
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão teve como principal expoente o Padre Agostinho.
"Compreender para crer, crer para compreender". (Santo Agostinho)





Agostinho!


Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta, cidade da Numídia, de uma família burguesa, a 13 de novembro do ano 354. Seu pai, Patrício, era pagão, recebido o batismo pouco antes de morrer; sua mãe, Mônica, pelo contrário, era uma cristã fervorosa, e exercia sobre o filho uma notável influência religiosa. Indo para Cartago, a fim de aperfeiçoar seus estudos, começados na pátria, desviou-se moralmente. Caiu em uma profunda sensualidade, que, segundo ele, é uma das maiores conseqüências do pecado original; dominou-o longamente, moral e intelectualmente, fazendo com que aderisse ao maniqueísmo, que atribuía realidade substancial tanto ao bem como ao mal, julgando achar neste dualismo maniqueu a solução do problema do mal e, por conseqüência, uma justificação da sua vida. Tendo terminado os estudos, abriu uma escola em Cartago, donde partiu para Roma e, em seguida, para Milão. Afastou-se definitivamente do ensino em 386, aos trinta e dois anos, por razões de saúde e, mais ainda, por razões de ordem espiritual.
Entrementes - depois de maduro exame crítico - abandonara o maniqueísmo, abraçando a filosofia neoplatônica que lhe ensinou a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal. Destarte chegara a uma concepção cristã da vida - no começo do ano 386. Entretanto a conversão moral demorou ainda, por razões de luxúria. Finalmente, como por uma fulguração do céu, sobreveio a conversão moral e absoluta, no mês de setembro do ano 386. Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento, em companhia da mãe, do filho e dalguns discípulos, perto de Milão. Aí escreveu seus diálogos filosóficos, e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o batismo em Milão das mãos de Santo Ambrósio, cuja doutrina e eloqüência muito contribuíram para a sua conversão. Tinha trinta e três anos de idade.

Depois da conversão, Agostinho abandona Milão, e, falecida a mãe em Óstia, volta para Tagasta. Aí vendeu todos os haveres e, distribuído o dinheiro entre os pobres, funda um mosteiro numa das suas propriedades alienadas. Ordenado padre em 391, e consagrado bispo em 395, governou a igreja de Hipona até à morte, que se deu durante o assédio da cidade pelos vândalos, a 28 de agosto do ano 430. Tinha setenta e cinco anos de idade.
Após a sua conversão, Agostinho dedicou-se inteiramente ao estudo da Sagrada Escritura, da teologia revelada, e à redação de suas obras, entre as quais têm lugar de destaque as filosóficas. As obras de Agostinho que apresentam interesse filosófico são, sobretudo, os diálogos filosóficos: Contra os acadêmicos, Da vida beata, Os solilóquios, Sobre a imortalidade da alma, Sobre a quantidade da alma, Sobre o mestre, Sobre a música . Interessam também à filosofia os escritos contra os maniqueus: Sobre os costumes, Do livre arbítrio, Sobre as duas almas, Da natureza do bem .
Dada, porém, a mentalidade agostiniana, em que a filosofia e a teologia andam juntas, compreende-se que interessam à filosofia também as obras teológicas e religiosas, especialmente: Da Verdadeira Religião, As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade e De Mentira.
Para Agostinho, o homem, para alcançar o conhecimento necessita de fé e esperança.

A Vida e as Obras:
Aurélio Agostinho destaca-se entre os Padres como Tomás de Aquino se destaca entre os Escolásticos. E como Tomás de Aquino se inspira na filosofia de Aristóteles, e será o maior vulto da filosofia metafísica cristã, Agostinho inspira-se em Platão, ou melhor, no neoplatonismo. Agostinho, pela profundidade do seu sentir e pelo seu gênio compreensivo, fundiu em si mesmo o caráter especulativo da patrística grega com o caráter prático da patrística latina, ainda que os problemas que fundamentalmente o preocupam sejam sempre os problemas práticos e morais: o mal, a liberdade, a graça, a predestinação


O Cristianismo!

No inicio do Alto Império surgiu no oriente, na Palestina, uma nova religião monoteísta: o Cristianismo. A Palestina, habitada pelos judeus, era um domínio do Império Romano. O Cristianismo se originou de outra religião monoteísta, o Judaísmo. Sob a influência da crença judaica na vinda do Messias. Os cristãos, ao contrário da maioria dos judeus, acreditava que o Messias anunciado pelos profetas já havia chegado a Terra e seu nome era Jesus.

*O SURGIMENTO E A EXPANÇÃO DO CRISTIANISMO

O nascimento do Cristianismo: a vida, a morte e os ensinamentos de Jesus. O Novo Testamento e os Evangelhos.

Jesus, também chamado Cristo (em grego, Messias), foi praticamente desconhecido em sua época. O q se sabe sobre ele está contido no Novo Testamento, a segunda parte da Bíblia, onde os Evangelhos narram sua vida, paixão e morte.
Os evangelhos foram escritos por quatro apóstolos - Mateus, Marcos, Lucas e João - entre 70 e 90 da Era Cristã. Segundo eles, Jesus nasceu na cidade de Belém sitiada na Judéia, próxima a Jerusalém, durante o principado de Augusto. Sua juventude transcorreu na cidade de Nazaré, na religião da Galiléia. Jesus iniciou suas pregações religiosas aos 30 anos, no governo de Tibério. Ao cabo de três anos após reunir um pequeno grupo de discípulos, foi preso, julgado e condenado a morte, tendo sido crucificado no monte do Calvário.
Os ensinamentos de Jesus foram transmitidos pelos quatro apóstolos através da redação dos Evangelhos. A crença na existência de um só Deus, que enviou à terra seu filho unigênito. Jesus, para realizar aredenção dos homens, era o princípio fundamental do Cristianismo. A nova religião pregava, também, a igualdade entre os homens, o amor ao próximo, o perdão às ofensas e a humanidade de coração, cuja recompensa seria a conquista da vida eterna.


A difusão do Cristianismo, a obra dos apóstolos e a organização das primeiras igrejas cristãs.
A expansão do Cristianismo foi obra dos discípulos de Jesus, os apóstolos, que, através se suas pregações, difundiram o Cristianismo pelo mundo romano. Papel destacado no processo de difusão da nova religião tiveram os apóstolos Pedro, considerado o fundador da igreja Cristã e primeiro bispo de Roma, e Paulo, que realizou a conversão dos gentios. Ambos foram mortos pelos romanos no ano 64 da Era Cristã. Na fase inicial de sua expansão, o Cristianismo difundiu-se principalmente entre os escravos, os plebeus e as camadas populares do Império Romano.
No fim do século I, as comunidades cristãs organizaram as primeiras igrejas, tremo q se originou do grego “eclésia”, que significava assembléia ou reunião. Cada igreja era dirigida por um bispo que, por sua vez, era auxiliado por sacerdotes e diáconos. Com a expansão do Cristianismo, Roma na Itália, Antioquia na Síria, Corinto na Grécia, Alexandria no Egito, Cartago na África e Lyon na Gália transformaram-se nas principais igrejas cristãs do Império Romano.

*AS PERSEGUIÇÕES E O TRIUNFO
A fase inicial do Cristianismo foi marcada pelo seu surgimento como uma dissidência religiosa do Judaísmo, e pela sua difusão pelo mundo romano através da obra dos apóstolos. Veio depois uma nova fase, caracterizada pelas sangrentas perseguições movidas pelos imperadores, seguida o triunfo e da Oficialização do Cristianismo como religião do estado, já no fim do Império Romano. Essa ultima fase coincidiu, também, com a organização da Igreja através do estabelecimento da supremacia do bispo de Roma (papa) sobre os demais bispos do império, e da sistematização da doutrina cristã no Concílio de Nicéia.

Os conflitos entre o Estado e a Igreja, a rejeição do culto imperial e as perseguições do Cristianismo.
A repressão ao Cristianismo começou ainda no século I da Era Cristã, no governo da Dinastia Júlio-Claudiana. No ano de 64, o imperador Nero desencadeou a primeira perseguição ao Cristianismo, responsabilizando os cristãos pelo incêndio de Roma. Os séculos II e III foram marcados por novas perseguições ao Cristianismo, destacando-se, pela violência e crueldade, aquelas movidas pelos imperadores Décio e Valeriano. A Última das grandes perseguições ocorreu entre 303 e 311, no governo de Diocleciano. A causa principal dessas sangrentas perseguições se devia em última instância, ao caráter monoteísta do Cristianismo. Baseado na crença da existência de um único Deus, os cristãos se recusavam a reconhecer os deuses oficiais do politeísmo romano, e se negavam a prestar o culto imperial, que consistia na adoração dos imperadores como verdadeiros deuses. Conferindo as Césares uma condição divina, o culto imperial era a legitimação religiosa do depotismo dos soberanos, e sua contestação tinha um cunho revolucionário, já que atentava contra a própria estabilidade do poder político do Império Romano. Num império onde o poder tinha um caráter político e religioso, a crítica dos cristãos ao culto imperial era encarada pelas autoridades como um ato de subversão passível de punição como crime.

A tolerância religiosa, a interdição aos cultos pagãos e a oficialização da religião cristã.
As perseguições movidas pelos imperadores visavam enfraquecer o Cristianismo e reduzir o número de seus adeptos. Entretanto, o exemplo dos mártires contribuiu para fortalecer a coesão das comunidades cristãs e para a aceitação do Cristianismo pelas camadas populares. No inicio do século IV, o Cristianismo se tornara, de fato,a religião majoritária do Império Romano, e ganhara, inclusive, a adesão de vários setores das chamadas dominantes. Sua aceitação pelos segmentos mais ricos e influentes da sociedade romana lhe facilitou o triunfo final. Em313, o imperador Constantino publicou o Edito de Milão, instaurando a tolerância religiosa e a liberdade de culto para os cristãos. O Cristianismo deixava de ser perseguido e era reconhecido como uma das diversas religiões existentes, cujas práticas eram toleradas no Império Romano.
Em325, Constantino convocou uma assembléia de bispos, o Concílio do Nicéia, cujo objetivo era solucionar as rivalidades religiosas entre as duas principais seitas cristãs, os arianos e os atanasianos. O Concílio de Nicéia aceitou como ortodoxia (doutrina certa) a concepção religiosa do bispo Atanácio, condenando como herecia (doutrina errada) a concepção de Ário, bispo de Alexandria. Em Nicéia foi estabelecida, de forma sistemática, e pela primeira vez, a doutrina oficial da igreja, conhecida como profiçao de fé ou Credo. Finalmente, em 391, um edito do imperador Teodósio decretou a proibição de todos os cultos pagãos e elevou o Cristianismo à religião oficial do império Romano.

A organização da igreja, a formação da hierarquia eclesiástica e o surgimento do Papado.
Como o triunfo do Cristianismo, a organização da Igreja passou por uma série de mudanças, através de um processo de centralização da autoridade religiosa, que culminou com o estabelecimento da hierarquia do clero e do surgimento do Papado. Cada província do império teve seu território dividido em unidades administrativas de caráter religioso, conhecidas como dioceses. As diversas igrejas que integravam uma diocese, com seus sacerdotes e fiéis, subordinavam-se à autoridade religiosa de um bispo. Os bispos de casa província, por sua vez, subordinavam-se à autoridade do bispo da capital provincial, intitulado bispo metropolitano ou arcebispo. Os bispos das principais metrópoles do império ― Roma, Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria ― detinham maior soma de autoridades e se intitulavam patriarcas. Definia-se, assim, a hierarquia da Igreja que, do vértice para a base, era formada por patriarcas, bispos metropolitanos, bispos e sacerdotes.
O processo de centralização do poder eclesiástico se completou no século V, com o fortalecimento do Papado, através da teoria da supremacia do bispo de Roma sobre os demais bispos do império. Segundo essa teoria, o apóstolo Pedro foi o fundador da igreja cristã e o primeiro bispo de Roma. Como bispo de Roma e sucessor de São Pedro, o papa herdara deste apóstolo a chefia da Igreja, e sua autoridade espiritual deveria ser acatada e reconhecida por todos os bispos do império. A supremacia da autoridade do Papado adquiriu base legal em 455, quando um edito do imperador Valentiniano III ordenou a subordinação dos bispos à autoridade do papa. Esse decreto imperial consolidou a autoridade do Papado e coroou o processo de centralização do poder religioso no seio da Igreja.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Apresentação!

O objetivo deste blog, é a apresentação do trabalho de Filosofia.
Colégio: E. E. Prof. Sebastião Fernandes Palma - 1ºB
Professor: Mauro.

Grupo: Gabriella, Giulia e Luciano.